Série pilares da comunhão - Perdão: Gênesis 4.23-24; Mateus 18.21-22

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E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou.
Sete vezes se tomará vingança de Caim, de Lameque, porém, setenta vezes sete. (Gênesis 4.23-24)
Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? 
Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. (Mateus 18.21-22)
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O perdão é algo fundamental para qualquer relacionamento humano, pois é impossível que haja um ser humano perfeito, que não cometa erro algum que seja merecedor de perdão. 
Para inicio de conversa, a Bíblia afirma que todos nós somos pecadores (Romanos 3.23), isso já nos dá a necessidade de um perdão divino, concedido por Deus através de Jesus como nos garante o texto áureo da Bíblia, João 3.16. Porém esse não é o único tipo de perdão de que muitas vezes necessitamos, pois, além de pecarmos contra Deus, muitas vezes pecamos também contra nossos irmãos.
O conceito de perdão varia bastante entre as duas alianças, ou, os dois testamentos. É muito importante esclarecermos isso, pois ainda existem muitos crentes que causam doenças na igreja por viverem a antiga aliança e não a nova. Por isso, é muito importante esclarecermos de uma vez, qual é o conceito de perdão no Antigo Testamento e no Novo Testamento. Para que possamos chegar a conclusão de que tipo de perdão eu tenho liberado, ou preciso aprender a liberar.

1 - O perdão no Antigo Testamento

Para entendermos o perdão no Antigo Testamento é importante entender o caso do primeiro homicídio. Faço distinção entre esse caso, com o caso da queda de Adão e Eva, pois a queda se resulta em um pecado exclusivamente contra uma ordem de Deus, ou seja, uma desobediência do homem contra Deus, enquanto que o primeiro homicídio é o relato do primeiro ato do homem contra si mesmo, e sua consequência. 
Quando Caim matou Abel, foi amaldiçoado por Deus, pois por ele a morte entrou no mundo. Para que Caim não sofresse a mesma coisa e o mundo inteiro resolvesse tudo com as próprias mãos, Deus tomou as rédeas da justiça (Romanos 12.19), colocou um sinal em Caim para que não o matassem, e uma pena de que aquele que ferisse Caim seria castigado sete vezes mais. 
No texto que foi lido anteriormente, vimos que um descendente de Caim por si mesmo aumentou em setenta vezes sete o flagelo que sobreviria aqueles que o ferissem. Essa era a ideia de perdão que vemos retratada em Hebreus 9.22 e foi praticada pela sociedade veterotestamentária, mais conhecida como a lei de talião. Talião não era um homem, nem mesmo uma pessoa, mas sim um termo que significa retaliação, ou seja, era a lei do pago com a mesma moeda. Essa lei está registrada em Êxodo 21.22-25. Ou seja, o conceito de perdão contra algo feito a alguém era o de sofrer o mesmo que causou.
O problema dessa lei, é que ao chegar o Novo Testamento, Jesus abole esse conceito, embora muitos irmãos ainda vivam na igreja com essa mentalidade, de que seus irmãos sofram o mesmo que lhe aconteceu. Alguns chegam ao absurdo de pedir a Deus o castigo do irmão, usando o nome do próprio Deus como se ele fosse um capacho a mercê de suas ordens contra seus inimigos, como: "Você vai ver a mão do meu Deus!"; "Meu Deus não vai deixar isso assim!"; "Meu Deus tarda mas não falha!". E outras coisas do tipo. Fato é, que a aliança de Deus com Abraão (Gênesis 12.3) recai sobre nós pela fé (Gálatas 3.7). Então devemos ter a certeza de que nosso Deus nos defende e nos protege dos que lançam ataques contra nós. Mas fica também a nossa responsabilidade de assumirmos a nova aliança, pois não somos judeus, e sim cristãos. Não vivemos na promessa, mas na realidade da Graça, guiados pelos ensinamentos de Cristo e pelo poder do Espírito Santo.

2 - O perdão no Novo Testamento

Incrível ver como a Palavra de Deus se completa. Pois Jesus vai desfazer e anular, não a lei, mas sim o conceito de perdão. Pois, onde a vingança seria executada setenta vezes sete, Jesus ensina a Pedro que o perdão é que deve ser liberado setenta vezes sete. 
O novo conceito de perdão, vai mudar também a lei de talião. Em Mateus 5.38 em diante Jesus mostra ao mundo o que Deus queria mostrar aos homens, mas estes não entenderam. Por isso Jesus é a revelação perfeita de Deus na plenitude dos tempos (isso para os que creem na revelação progressiva de Deus através da história). Jesus institui o seu reino e a mensagem de amor, e deixa claro que aqueles que foram limpos por seu sangue, e estão debaixo da nova aliança, estão debaixo de um novo mandamento, muito maior do que não roubarás e não matarás; mas sim amarás ao teu próximo como a ti mesmo.  Isso eleva o conceito de amor a fazer aos outros, o que você gostaria que fizessem a você. Mas o primeiro destes dois mandamentos já resolvia tudo. Pois os que amam a Deus sobre todas as coisas, com certeza amarão a si mesmos e ao próximo, por amor a Deus.
Logo, a falta de perdão, incorre em pecado não somente contra si mesmo, por estar guardando sentimentos ruins; mas também contra o próximo, por ter algo contra ele; e também contra Deus, por não obedecer aos mandamentos da nova aliança.

Conclusão:

Estamos na nova aliança, somos cristãos. E o crente que não libera perdão e não sabe perdoar, não está em comunhão, tanto com os irmãos, quanto com o próprio Deus. Portanto se você pensa que Deus o ouve mesmo guardando algo assim em seu coração, te deixo dois textos para meditação: 2 Crônicas 7.14 e 1 João 4.20.

(Pr. Julio Cezar da Silva Cindra)  

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