Livres da lepra espiritual! - 1 Coríntios 5

 

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"Agora estão dizendo que há entre vocês uma imoralidade sexual tão grande, que nem mesmo os pagãos seriam capazes de praticar. Fiquei sabendo que certo homem está tendo relações com a própria madrasta! Como é que vocês podem estar tão orgulhosos? Pelo contrário, vocês deviam ficar muito tristes e expulsar do meio de vocês quem está fazendo uma coisa dessas. Quanto a mim, ainda que não esteja presente aí pessoalmente, estou com vocês em espírito. E, agindo como se eu estivesse aí, já julguei, pela autoridade do nosso Senhor Jesus, o homem que está fazendo essa coisa horrível. Quando vocês se reunirem, estarei com vocês em espírito. Então, pelo poder do nosso Senhor Jesus, que estará presente conosco, entreguem esse homem a Satanás, para que o seu corpo seja destruído, mas o seu espírito seja salvo no Dia do Senhor. Não está certo que vocês estejam orgulhosos! Vocês conhecem aquele ditado: 'Um pouco de fermento fermenta toda a massa.' Joguem fora o velho fermento do pecado para ficarem completamente puros. Aí vocês serão como massa nova e sem fermento, como vocês, de fato, já são. Porque a nossa Festa da Páscoa está pronta, agora que Cristo, o nosso Cordeiro da Páscoa, já foi oferecido em sacrifício. Então vamos comemorar a nossa Páscoa, não com o pão que leva fermento, o fermento velho do pecado e da imoralidade, mas com o pão sem fermento, o pão da pureza e da verdade. Na outra carta que escrevi a vocês, eu recomendei que vocês não tivessem nada a ver com gente imoral. Eu não quis dizer que neste mundo vocês devem ficar separados dos pagãos que são imorais, avarentos, ladrões ou que adoram ídolos. Pois, para evitar essas pessoas, vocês teriam de sair deste mundo. O que eu digo é que vocês não devem ter nada a ver com ninguém que se diz irmão na fé, mas é imoral, ou avarento, ou adora a ídolos, ou é bêbado, ou difamador, ou ladrão. Com gente assim vocês não devem nem comer uma refeição. Afinal de contas eu não tenho o direito de julgar os que não são cristãos. Deus os julgará. Mas será que vocês não devem julgar os seus irmãos na fé? Como dizem as Escrituras Sagradas: 'Expulsem do meio de vocês esse homem imoral.'" (1Coríntios 5)
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Esses dias estava lendo um estudo bíblico do Pr. David Merkh sobre o texto que nós lemos. Eu sei que a figura que salta aos nossos olhos é a do fermento, mas o pastor chamou a atenção para algo que ele deu o nome de "lepra espiritual". E é interessante observar isso, pois a figura da lepra é mencionada constantemente na bíblia, e na grande maioria das vezes está relacionada ao pecado. E é exatamente sobre essa comparação que vamos meditar neste momento, assim como Jesus se utilizava de circunstâncias físicas para explicar as espirituais, vamos nós, também, olhar para o pecado, a "lepra espiritual".

1- O que é a lepra? A palavra lepra (do hebraico TSARA'ATH) é mencionada constantemente na bíblia, sempre para designar doenças que atingiam a pele. Mas nunca se referia a um tipo específico de doença, mas sim a vários tipos de doenças assim. Embora, sempre traziam consigo uma conotação negativa no aspecto social, pois o leproso era afastado do convívio em sociedade. Hoje com o avançar da ciência já é possível diagnosticar precisamente o tipo de enfermidade na pele, e o nome genérico, lepra, foi abandonado. O tipo mais comum destas doenças ganhou o nome de Hanseníase, ela e as demais são provocadas pelo bacilo de Hansen (uma espécie de bactéria), infecciosa e que causa danos severos a nervos e a pele. Mas o que esse tipo de enfermidade tem a ver com o pecado? Muita coisa. Vejamos alguns pontos:

1.1 - Oculta: A lepra pode permanecer anos (de 2 a 7) escondida no organismo de uma pessoa até se manifestar, ou seja, até aparecer os primeiros sintomas. O pecado é assim também, se esconde no coração e na mente, e pode permanecer anos escondido em nós até demonstrar seus sintomas (ver Gálatas 5). Por isso a necessidade de vigilância. Tiago já havia escrito isso em sua epístola, ao dizer que "... havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte" (Tiago 1.15). Ou seja, o pecado, da sua concepção até a consumação (nascimento) leva tempo se desenvolvendo dentro de nosso ser, sendo lentamente alimentado pelos nossos desejos carnais, assim como a criança no ventre é alimentada pelo cordão umbilical. Jesus já havia nos alertado sobre isso no seu sermão conhecido como o sermão do monte, ao dizer que "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno." (Mateus 5.17-30). Jesus mais uma vez se utiliza de hipérbole (exagero) para ilustrar a questão do pecado, Ele não quis dizer literalmente que devemos sair por aí arrancando nossos olhos, mas que o que deixamos entrar por eles alimenta o pecado que deve ser arrancado, ou seja, você deve parar de deixar entrar pelos seus olhos isso que tem nutrido seus desejos carnais. Se o pecado não for alimentado ele morre de fome e é abortado antes de nascer (ser consumado). 

1.2 - Contagiosa: A lepra é uma doença contagiosa, ou seja, pode ser transmitida de um para o outro pela proximidade, contato, utensílios compartilhados e pela convivência. Assim a recomendação bíblica era o isolamento e afastamento do meio do arraial (Levítico 13.46). O Salmo 1, transmite um conselho aos que querem ser felizes, se afastar do caminho dos pecadores, dos conselhos dos ímpios, e da roda dos escarnecedores. Obviamente alguém pode pensar que de fato devemos nos afastar completamente do mundo, mas ao olhar atentamente o restante de 1 Coríntios 5, Paulo deixa claro, que os pecadores que precisam ser evitados não são os de fora, mas aqueles que se dizem "irmãos na fé" e cometem pecados tais. Estes são o fermento que leveda toda a massa, estes são os leprosos contagiosos. O fato desta doença ser contagiosa era o motivo pelo qual os leprosos eram afastados de suas casas e levados para um local isolado. Na época a lepra era tida como uma doença incurável, mas hoje já existem tratamentos capazes de curá-la. Assim os pecadores que se dizem "irmãos" é que precisam de tratamento especializado, mas o remédio é o mesmo para todos os pecadores, um bom mergulho (batismo) no sangue de Jesus. É isso o que representa a história de Naamã. O "batismo" de Naamã no rio Jordão é o que em Teologia chamamos de tipo. [Diferente de símbolo ou alegoria, o tipo é uma representação e uma referência histórica concreta. De acordo com a exegese cristã, a tipologia bíblica trata dos paralelos entre figuras ou fatos históricos (em geral do Antigo Testamento) concernentes ao plano de SALVAÇÃO e seu cumprimento posterior. Não raro, os fatos e as figuras do Novo Testamento são interpretados tipologicamente de acordo com um padrão do Antigo Testamento (Por exemplo, criação e nova criação, Adão e Cristo, o êxodo e os conceitos de salvação do Novo Testamento)]. [1] Assim o batismo [que significa tanto imergir, quanto derramar, daí vem as divergências sobre se o batismo deve ser por imersão (mergulhar totalmente o corpo), por aspersão (borrifar água sobre a pessoa) ou por efusão (derramar água somente sobre a cabeça)] de Naamã tem uma representação do que acontece no batismo com sangue. A forma como se deu, ele mergulhou sete vezes, indica aqui um padrão mais elevado para o batismo, mais do que molhar uma parte apenas do corpo, ou apenas borrifar água sobre si, mas deixar seu corpo totalmente envolto pelas águas, isso é uma tipologia imediata de como o sangue de Cristo age na vida do crente, somos mergulhados neste sangue (espiritualmente falando), completamente envoltos nele. O número de vezes que Naamã mergulha também é uma representação a isso. Naamã mergulhou 7 vezes. [O número 7 tem uma representação especial na bíblia, como um símbolo de coisas perfeitas, assim como o sétimo dia da criação, o dia da perfeição dela; a aliança perpétua feita com Noé simbolizada através de um arco no céu contendo 7 cores; a quantidade de vezes que se deve perdoar 70x7 (entenda-se isso não como uma conta, em que se deve perdoar apenas 499 vezes, mas sim como uma hipérbole, um exagero, pois se 7 já é perfeito, 70x7 é sublime, ou seja um perdão real, sincero e verdadeiro)] assim os 7 mergulhos de Naamã simbolizavam a perfeição daquele ato praticado por ele, provocando assim a cura de sua lepra, mas para o crente ser limpo dos seus pecados um único mergulho no sangue de Jesus é suficiente.

1.3 - Indolor: A pior semelhança é essa. A lepra ataca os nervos fazendo com que a pessoa perca progressivamente a sensibilidade à temperatura, ao toque, e até à dor. O pecado também, se não for tratado, te deixa completamente insensível a voz, a presença, e ao temor a Deus. São pessoas que praticamente não tem consciência e discernimento espiritual, estão mortas espiritualmente, assim como a pessoa descrita por Paulo, que continuava na prática do seu pecado, sem arrependimento, sem mudança, sem temor a Deus. Crente leproso é fácil de ser diagnosticado neste ponto, pois o crente que não chora pelo pecado, que não sente dor ao pecar, é porque está completamente insensível por causa do pecado. "Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados" (Mateus 5.4), disse Jesus. Mas esses felizes por que choram não é tão simples quanto parece. Temos, muitas das vezes, a impressão que este texto é muito simples, e todos os que choram, seja pelo motivo que for, serão consolados. Assim chore a vontade, você será consolado. Será? Não é bem assim, Cristo não está falando que consolará quem chorar pelo fim da novela, ou pelo fim de um namoro, mas é só olhar o contexto que você vai entender. Jesus está sentado anunciando uma mensagem a um povo que é feliz por fazer a vontade de Deus, e esses são os felizes porque choram, os que choram de dor ao pecar contra Deus, os que choram pelas almas perdidas, esses serão consolados pelo Consolador (Espírito Santo). Foi esse o choro de Davi no Salmo 51: "Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares." (Salmos 51.1-4). Foi esse o choro do filho pródigo ao voltar pra casa de seu pai: "E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho." (Lucas 19.41-44). O crente que está livre da lepra espiritual, ele pode até pecar, mas ele abomina o pecado, ele chora, ele sente dor, ele se sente indigno, ele implora por perdão e se arrepende, demonstrando os frutos do seu arrependimento. Como está escrito: "Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus." (1 João 3.9); e "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca." (1 João 5.18). Mas fica o alerta de Pedro: "Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que diz este provérbio verdadeiro; Volta o cão ao seu vômito, e a porca lavada volta a revolver-se no lamaçal". (2 Pedro 2.20-22).

Conclusão:

Se você observar atentamente os personagens bíblicos que foram acometidos por lepra (Miriã, Geazi, Uzias, etc.) e os que foram curados (Miriã, Naamã, Uzias, etc.), você perceberá que a similaridade dos sintomas da lepra e do pecado é grande. Mas como disse anteriormente a solução é uma só, o sangue de Jesus. "...mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça". (1 João 1.7-9).

Referência: [1] - Dicionário de Teologia: Edição de bolso. Editora Vida, 2007

Pr. Julio Cezar da S. Cindra

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