Meu lar, um altar! - Deuteronômio 6.4-9

 

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"Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas." (Deuteronômio 6.4-9)
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O mês de Maio é celebrado como o mês da família, uma época em que as igrejas preparam suas programações voltadas especialmente para a família.
A família está em foco, e também está no foco de Satanás. A cada dia que passa vemos estratégias de Satanás, para acabar com a família, se multiplicar. E também vemos o apelo desesperado do mundo, gritando socorro, por suas famílias.
Seja você crente ou não, uma certeza eu tenho, você se preocupa com sua família. Essa é uma preocupação que aflige a todo ser humano. Até o mais cruel e sanguinário bandido almeja um futuro melhor para sua família. Mas os dias tem sido maus, terríveis, e as famílias cristãs, lares cristãos, que outrora foram o exemplo de sucesso familiar em meio ao caos, hoje é só mais uma nesse caos. O que aconteceu? Ou melhor, o que está acontecendo? Vamos buscar por respostas na Palavra daquele que criou a família.

1 - Eu, um sacerdote! (v. 6): Em primeiro lugar, não dá para querer a cura da família sem primeiro buscar a solução para o nosso coração. Você faz parte da sua casa, da sua família, e a primeira pessoa da sua família que precisa do agir de Deus, é você mesmo(a). Deus quer alcançar a sua família, é desejo d'Ele alcançar a sua família, e Ele deseja entrar em sua família, entrando primeiro em seu coração, em sua vida.
A preocupação que possuímos com nossa família nos leva a querer o melhor para ela, e quando procuramos a solução no mundo e não encontramos é que nos lembramos de Deus. Então, ao percebermos que Deus tem respostas concretas para nossa família, decidimos que nossa família precisa de Deus. E então é comum as pessoas tomarem algumas atitudes, como por exemplo:
  • Levar os familiares na igreja;
  • Levar a igreja aos familiares;
  • Ir à igreja pedir pela família.
Estas posições são tomadas de pronto, pois preocupamo-nos com nossa família, então, pedimos orações por ela na igreja; pedimos aos irmãos e ao pastor para falarem com eles; os levamos aos cultos para ouvirem da boca de outros aquilo que deveriam ouvir da nossa. Tomar essas posições não é errado, pelo contrário, é certo. Mas, tomá-las sem primeiro um compromisso pessoal com Deus, não resolve. Antes, se você busca por sua família, mas se desvia da verdade em sua vida, se prepare para encarar essa realidade: "você se torna a desgraça da sua casa!"
A pergunta que precisa ser respondida então, é: E agora? O que fazer? Se você quer o bem para sua família, sua vida precisa ser a porta de entrada para Cristo em sua casa. É isso o que o verso 6 vem trazer, que em primeiro lugar você precisa guardar no teu coração as palavras que foram ordenadas no verso 4 e 5. Muitos não entendem, mas no verso 4 e 5 deste capítulo de Deuteronômio está todo o resumo da Lei, ou seja, a expressão máxima da profissão de fé do judeu. Este texto ficou conhecido pela expressão usada por Moisés para chamar a atenção do povo para esta responsabilidade, quando declara: "Ouça Israel" (do hebraico SHEMÁ ISRAEL).
O Shemá, era um resumo dos 10 mandamentos para o judeu. Sendo uma expressão da Antiga Aliança, alguns cristãos podem pensar que não se aplica mais, quando muito pelo contrário, Jesus reafirma sua importância e ainda lhe acrescenta outras duas observações em um diálogo com um escriba registrado em Marcos 12.28-31. Jesus reafirma a importância do Shemá, tanto para o judeu, quanto para aqueles que recebem a Nova Aliança, os cristãos, em suma, a igreja. E as observações feitas por Cristo são: quando ele acrescenta à forma de amar a Deus, o entendimento; e ainda quando afirma que o segundo mandamento, semelhante ao primeiro, é, o amor ao próximo como a si mesmo.
O que Jesus faz ao resumir os 10 mandamentos em 2, é nada mais do que pegar as duas tábuas da Lei, onde cada uma contém 5 mandamentos, e mostrar aos homens que cada uma das duas tábuas, ou seja, cada grupo de 5 mandamentos compreendem responsabilidades lançadas sobre o homem, onde o primeiro grupo de 5 mandamentos são responsabilidades do homem para com Deus, e o segundo, do homem para com o seu próximo. Simples assim! Ou seja, Jesus está bradando de novo, dessa vez: Shemá Igreja!
Mas voltando a questão de sermos a porta de entrada de Cristo em nossa casa, o texto de Apocalipse 3.20 retrata bem a realidade de Cristo entrar em nossa vida e fazer morada em nós, e, através de nós, entrar em nossa casa. Mesma realidade expressa por Paulo, quando declara ao carcereiro em Atos 16.31, que "crê no Senhor Jesus, e serás salvo tu e tua casa". O que ele quis dizer não é que minha fé salva automaticamente a minha família. Mas minha fé me leva a querer minha família salva, então eu levarei a ela a razão da minha fé e da minha salvação. Eu lhes apresentarei o Jesus que me salvou. É isso, simples assim! E entendendo isso, assumo minha posição como sacerdote do meu lar. 

2 - Minha casa, lugar de adoração! (v. 7): Nós falamos sobre o que busca para o outro mas não para si mesmo. Mas, agora se faz necessário chamar a atenção para o outro extremo: aquele que busca para si mesmo e não se importa com os outros. Meus amados irmãos, as igrejas estão abarrotadas de pessoas vivendo esses dois extremos. Mas esse é o mais pernicioso para todo o evangelho, este é a causa e motivo de escândalo, e este é o que mais se abate sobre as lideranças. Ou seja, a completa indiferença e abandono do altar em casa.
Aquele que busca para si mesmo e ignora o estado deplorável do seu próximo é tão hipócrita como o sacerdote e o levita da parábola do bom samaritano. Quantas vezes estamos tão confortáveis com nossa bíblia debaixo do braço, e nossa roupa bonita indo para os templos, ignorando os cacos ao nosso redor, e o pior, muitas das vezes os pisamos em vez de recolhe-los e apresentá-los ao Senhor. Estamos longe de nos parecer com o bom samaritano. E ainda mais, aquele que se compadece do estranho, mais ignora os de sua própria casa são piores do que o descrente. Essas são as palavras do apóstolo Paulo para o jovem pastor Timóteo, mas também é para toda a igreja (1 Tm 3.4-5; 5.8). Quando Paulo cita isso ele não está se referindo ao mero e simples cuidado no sentido de atenção e proteção, também, mas principalmente no que se refere a razão da sua fé, pois como bem escreveu Tiago (Tg 2.17), a fé e as obras precisam caminhar juntas, pois assim como a fé sem obras é morta, obras sem fé também é!
O texto lido (Dt 6.7) traz à tona uma responsabilidade aos pais e estendida a todos os que são conhecedores da verdade, a necessidade de uma vida diária de adoração e devoção. O lar e a vida cotidiana têm sido, por muitas vezes, ignorados como a nossa maior oportunidade de vitórias espirituais. Vamos fazer uma conta rápida, e para não ser injusto com ninguém, vou tomar a minha própria vida como exemplo. Em uma semana nós temos 168 horas. Em uma semana eu participo, geralmente, de 3 cultos no templo. E cada culto têm aproximadamente a duração de 2 horas. Então, ao longo de uma semana inteira, passo 6 horas no templo. Isso é, aproximadamente, 3% de todo o meu tempo em uma semana, ainda me restando os outros 97%, ou seja, das 168 horas da semana, passo 162 longe do templo. A pergunta que precisamos fazer a nós mesmos é: o que fazemos com o tempo que não estamos no templo? Pois na maior parte do tempo, não estamos no templo! Dentro do templo nós pulamos, cantamos, gritamos, choramos, abraçamos, sorrimos, só falamos palavras doces e agradáveis, a gente ora e lê a bíblia. E quando saímos do templo? Ainda cantamos? Ainda choramos? Ainda abraçamos? Ainda se lê a bíblia? Ainda oramos?
O que vou dizer aos pais se aplica a você que não é pai, nem mãe, mas é o único, ou a única, em sua casa que tem Jesus como Senhor e Salvador de sua vida. A responsabilidade trazida à tona pelo Salmo 127.1 ("Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam") é uma concordância com Provérbios 22.6 ("Ensina a criança, no caminho em que se deve andar, e até quando envelhecer, não se desviará dele"), ou seja, a necessidade de ensinar pelo exemplo. Ensinar pelo exemplo é ir além das palavras, mas ensinar na prática de vida diária, ou então cairíamos no famoso bordão: "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". O chamado aqui é para mostrar na prática como se deve fazer, é preparar a sua casa para encontrares com o seu Deus.
Cumpra o que está escrito no verso 7, transforme sua casa em um altar. Para isso é preciso resgatar a comunhão e a intimidade dentro de casa. Para os judeus o momento de comunhão sagrado dentro da família eram os momentos de refeição, onde a família se sentava e conversava enquanto comiam. Hoje cada um como em um lugar, em um horário, e não há mais diálogo, só há um silêncio, enquanto nossos olhos e ouvidos estão atentos para o que a televisão e a internet tem a dizer,. Tapamos os nossos ouvidos para o grito de socorro de nossa família. Ainda há tempo de agir, faça da sua casa um altar, um lugar onde Deus é adorado todos os dias!

3 - Eu, um sacrifício vivo! (v. 8): Há uma certa relação entre Deuteronômio 6.8 e Apocalipse 13.16. Ambos falam a respeito de coisas que estarão nas mãos e nas testas. Sendo que o texto de Deuteronômio fala de carregar nas mãos e nas testas os mandamentos de Deus, enquanto, que, Apocalipse menciona que estarão nas mãos e nas testas a marca da besta.
São marcas distintas, mas a interpretação é semelhante para as figuras usadas para simbolizar onde estas marcas estarão. De uma forma bem simples, a mão são as atitudes, enquanto que a testa, os pensamentos. Ou seja, a marca da besta em Apocalipse não é um chip, uma tatuagem ou qualquer desses boatos espalhados por aí, na verdade ela já está entre nós há muito tempo, e enquanto nos iludimos com falácias, ignoramos que a marca da besta nada mais é, do que a manifestação da vontade da besta nos pensamentos e atitudes. Essa mesma análise pode ser aplicada aos mandamentos nas mãos e na testa, ou seja, isso simboliza a vida daqueles que realizam a vontade de Deus, em suas atitudes e pensamentos. Como já mostrava o Salmo 1.2 (O que medita de dia e de noite), ou o Salmo 119.11.
Malaquias 3.18, retrata esse contraste, quando se refere a como Deus evidenciará a diferença entre os justos e os perversos no grande dia, através de suas ações, mas também através de suas sentenças.
O grande ponto deste versículo é que, o resultado de uma vida devocional, será o testemunho vivo e sacrifício vivo, que agrada a Deus (Rm 12,1). Ou seja, tudo em nós glorificará o nome do Senhor, tanto nossas ações, quanto nossos pensamentos.

4 - Meu lar, local de testemunho! (v. 9): O resultado de uma casa alicerçada, é que esta se tornará uma referência, e quando as pessoas olharem para a vida das famílias que colocarem estes princípios em práticam elas enxergarão a mão de Deus sobre aquela família. Tanto os que olharem da rua (aqueles que não possuem intimidade com vocês), quanto os que olharem de dentro (os que convivem com vocês). Essa é a representação do ato de escrever na porta e no umbral, é como se dissessem: "olhem para minha casa e lembrem-se de Deus e dos seus mandamentos". Como sugestão, trago um acréscimo ao ponto 2, é preciso resgatar aquilo que chamávamos de culto doméstico.

Conclusão:

Estas palavras muito me ensinaram, mas como Jesus disse ao encerrar o sermão da montanha, não adianta ouvir e não colocar em prática. Jesus usou a ilustração do homem construindo uma casa: o que ouviu e não praticou, construiu sobre a areia, e a sua casa ruiu; mas, o que ouviu e praticou, construiu sobre a rocha, e a sua casa se tornou inabalável.
A questão é que a solução para sua família está posta diante de você através da palavra de Deus. É como o doente que procura o médico e este lhe fornece o remédio para curá-lo, mas o doente leva o remédio para casa, mas não o toma. Ele continuará doente. Então cabe a você decidir por isso em prática em seu lar, ou não. Mas fico com Josué, e faço minhas as suas palavras, "porém eu e minha casa, serviremos ao Senhor!" (Josué 24.15).

Pr. Julio Cezar da S. Cindra

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